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UNESCO, CUFA e Instituto Locomotiva promovem 4ª edição do Fórum Data Favela
Com o tema "Periferia, Racismo e Violência", encontro virtual apresentou pesquisa inédita sobre a violência e também sobre a atuação da polícia em áreas de periferia e de favelas
Promovido pela Central Única das Favelas (Cufa), Instituto Locomotiva e a UNESCO no Brasil, a série de webinários Fórum Data Favela teve ontem (8) sua quarta e última edição. Com o tema "Periferia, Racismo e Violência", o encontro virtual discutiu a violência nas áreas de periferia e abordou também a atuação da polícia nas favelas. Participaram do encontro a Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto; o CEO do Favela Holding e fundador da Cufa, Celso Athayde; o presidente e fundador do Instituto Locomotiva, Renato Meireles; o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Baptista Camilo; o ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes; a coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança/CESEC, Silvia Ramos; a coordenadora do Instituto Marielle Franco, Marcelle Decothé; e o rapper e compositor Rappin' Hood.
De acordo com a pesquisa inédita apresentada no encontro, “49 milhões de brasileiros declararam já ter sofrido algum tipo de constrangimento em uma abordagem policial, como agressão verbal, agressão física, pedido de dinheiro, etc. É a população de metade dos países do mundo”, comparou Renato Meireles, do Instituto Locomotiva. “E ainda 64% dos homens negros das classes C, D e E já foram abordados pela polícia de modo agressivo e apenas 5% dos brasileiros acreditam que a polícia não é racista”, complementou. Ainda sobre esses números, os participantes lembraram casos recentes de ações racistas que geraram grande repercussão, como os casos do menino João Pedro e do norte-americano George Floyd, além da escalada de violência envolvendo policiais no Rio de Janeiro registrada pela Rede de Observatórios de Segurança.
O coronel Camilo Álvaro Baptista destacou que a polícia do estado não compactua com atitudes de violência. “Nosso esforço é enorme. Estamos abertos a aprender e a rever procedimentos de gestão da nossa conduta. Nos preocupamos com os direitos humanos e em tratar as pessoas como nós gostaríamos de ser tratados”, afirmou.
A Diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto, lembrou que as Nações Unidas coordenam, há anos, a campanha “Vidas Negras Importam”. “Sabemos do esforço da polícia e também sabemos das dificuldades da população negra. Acredito que todas as organizações precisam ser transformadas. É preciso um esforço para combater o racismo e não permitir nenhuma ação que possa levar a uma situação de racismo estrutural. É um debate extremamente necessário e está sendo muito rico ouvir todas as diferentes perspectivas. O que precisamos entender é que existe, de fato, uma preocupação com os direitos humanos”, disse.
A 4a edição da série "Fórum Data Favela" contou com ampla participação dos internautas. Todas as outras edições do fórum já estão disponíveis e podem ser acessadas no .