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Hey Update My Voice expõe assédio cibernético
Movimento lançado nesta semana chama atenção para o preconceito de gênero contra assistentes virtuais
São Paulo, janeiro de 2020 – As assistentes virtuais estão cada vez mais presentes na rotina das pessoas, seja para ajudar, tirar dúvidas, facilitar o dia a dia. O que todas elas têm em comum são os nomes de mulheres e a voz padrão do gênero feminino, como Lu, Siri, Alexa, Nat, Bia etc.
De acordo com estudo lançado em maio do ano passado pela UNESCO, chamado “I’d Blush If I Could” (“Ficaria Corada se Pudesse”, em tradução livre), as assistentes virtuais, via Inteligência Artificial, sofrem altos índices de preconceito de gênero e normalmente respondem com frases tolerantes, subservientes e passivas.
Com base neste contexto, nasce o movimento Hey Update My Voice em parceria com a UNESCO, que tem por objetivo chamar atenção sobre a educação cibernética e respeito às assistentes virtuais, além de pedir para que as empresas atualizem as respostas de suas assistentes. Pois se até elas sofrem com assédio, quantas mulheres reais são vítimas dessa violência?
Diariamente, no mundo inteiro assistentes virtuais sofrem abusos de todos os tipos. No caso do Brasil, a Lu, a assistente virtual das Lojas Magazine Luiza, já foi vítima desse tipo de violência. Internacionalmente, há registros contra a Siri, Alexa, entre outras. Quando o tema é trazido para a mulheres reais, o número é alarmante:
• 73% das mulheres de todo o mundo já sofreram algum assédio online.
• 15 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos já sofreram abuso sexual.
• 70% das mulheres refugiadas são vítimas de violência ao longo da vida.
• 97% das mulheres brasileiras dizem que já sofreram assédio em transportes públicos e privados.
• 43% das mulheres europeias já sofreram bullying ou violência física de seus parceiros.
• 1 em cada 5 jovens sofrem abusos sexuais dentro de universidades nos Estados Unidos.
Neste momento, o público é uma ferramenta importante para o movimento. No site é possível encontrar o campo “sua voz”. Lá poderão ser gravadas mensagens de voz de até 15 segundos com sugestões de respostas para assistentes virtuais aos assédios cibernéticos. O objetivo é que as empresas engajem com o movimento, recebam as mensagens e alterem as respostas das assistentes virtuais partindo dessas recomendações.
Além disso, o site possui informações sobre o movimento, notícias da imprensa nacional e internacional que destacam os temas de assédio cibernético e viés de gênero e um vídeo-apresentação da questão.
Situações expostas pela Inteligência Artificial não são apenas tecnológicas. Dizem respeito também à própria humanidade ao levantar questões científicas, políticas, filosóficas e éticas. O movimento surge para enfrentar com responsabilidade esse debate.
Ainda, de acordo com a UNESCO, as assistentes são programadas basicamente por homens (que representam 90% da força de trabalho na criação de IA) e têm a premissa de serem subservientes, mesmo quando verbalmente assediadas.
O Hey Update My Voice visa a contribuir para a educação virtual das gerações atuais e futuras e é aberto para a participação de todos, de Instituições de Defesa dos Direitos das Mulheres, às empresas que utilizam assistentes virtuais, até as que apenas queiram entrar na discussão sobre o tema.
“A UNESCO vem realizando uma série de eventos e pesquisas sobre o tema igualdade de gênero, com o objetivo de promover debates com diversos públicos de interesse que envolvem acadêmicos, representantes de organizações intergovernamentais e do setor privado, mídia e sociedade civil. É necessário contribuirmos para o desenvolvimento de princípios éticos para administrar a Inteligência Artificial com transparência e responsabilidade”, esclarece a Diretora e Representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
A parceria entre a UNESCO e o movimento Hey Update My Voice surge com a proposta de integrar uma rede de especialistas atuando no Brasil, indicando a necessidade do levantamento de dados, formuladores de políticas públicas e empresas que possam contribuir para fortalecer a governança, as normas e princípios, especialmente no que se refere à forma ativa de engajar a sociedade em processos de governança de Inteligência Artificial.
*Fontes:
“I’d Blush If I Could”
Para mais informações:
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