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Programa brasileiro recebe Prêmio da UNESCO por usar IA para melhorar habilidades de escrita
De acordo com a edição de 2018 do Indicador Brasileiro de Alfabetismo Funcional (Inaf), embora nos últimos 18 anos tenha havido avanços na escolaridade da população, o nível de alfabetização funcional continua baixo. Para enfrentar esse problema, a Letrus, uma startup de tecnologia educacional e uma das vencedoras do de 2019 pelo uso de TIC na educação, criou para estudantes brasileiros uma experiência de aprendizagem personalizada auxiliada por inteligência artificial (IA) .
Em uma colaboração entre professores e máquina, o programa de alfabetização Letrus oferece aos estudantes um feedback imediato sobre sua escrita, identificando padrões de escrita. As redações são então revisadas por um professor que faz comentários adicionais.
“Assim como as conquistas tecnológicas aplicadas ao diagnóstico de pacientes, a Letrus oferece esses aparelhos para o mundo da alfabetização e educação. Da mesma forma que a ciência tem um excelente potencial para ajudar em decisões mais estratégicas, a Letrus e os professores estão se unindo para melhorar as trajetórias de aprendizagem de nossos alunos”, afirma o cofundador da Letrus, Luis Junqueiras.
Para o cofundador da Letrus, novas tecnologias e IA em particular implicam uma dimensão humana. “O quadro-negro é uma tecnologia, a borracha é uma tecnologia. Todos eles ocupam uma função específica modelada pela dimensão humana”. Essa tecnologia não seria possível sem o trabalho em equipe humano e a inteligência por trás dessas inovações: “A natureza humana multidisciplinar de planejar juntos, unindo decisões linguísticas e pedagógicas com a atmosfera de escrita de código é o que torna a experiência poderosa para os educadores”.
Tudo começou quando ele era aluno do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, em 2005. Um encontro casual com a professora Davina o fez perceber o impacto que a escrita e a liberdade de expressão podem ter na vida dos alunos. A partir de sua própria experiência como professor, lançou o Projeto Primeiro Livro para ajudar crianças e adultos a publicar seus próprios livros e aprender com os desafios encontrados. Isso finalmente o levou a criar o programa Letrus para ajudar professores e alunos a superar esses desafios.
Até o momento, mais de 65 mil alunos já utilizaram o programa nos 26 estados do Brasil. Em 2019, uma parceria com a Secretaria de Educação do Espírito Santo levou o programa a 54 municípios capixabas, atingindo 12 mil estudantes e 400 professores de 121 escolas. Nesse projeto, 90% das escolas melhoraram as notas de seus alunos após cinco meses.
Para o futuro, o cofundador da Letrus quer aumentar a escala e a qualidade do seu serviço a um preço mais barato para que seja “acessível a cidadãos de qualquer idade”. Ele também espera inspirar outros programas para as gerações futuras com uma mensagem: “juntos, precisamos nos engajar em movimentos em favor da alteridade, diversidade e sabedoria”.
Quanto ao prémio propriamente dito, Luís Junqueira comemora o incentivo que este reconhecimento traz à sua equipe, bem como as novas oportunidades de parcerias na área da educação que poderão surgir depois deste prêmio.
“Ao mesmo tempo, o prêmio simboliza que estamos no caminho certo e que o caminho agora terá mais luz e possibilidades para aberura de novas portas no futuro”.