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Documentário “Maya and the Wave” com Maya Gabeira, Campeã da UNESCO para o Oceano e a Juventude

No dia 18 de novembro de 2024, a sede da UNESCO promoveu uma noite inspiradora com a exibição do documentário “Maya and the Wave” [Maya e a onda]. A mostra foi seguida por uma discussão envolvente e uma sessão de perguntas e respostas com Maya Gabeira, Campeã da UNESCO para o Oceano e a Juventude, Stephanie Johnes, a diretora do filme, e Tamara Klink, a navegadora brasileira, que participou de forma virtual, assim como o público.

O filme “Maya and the Wave” levou dez anos para ser produzido e narra a jornada notável de Maya Gabeira, a primeira mulher a surfar ondas gigantes em Portugal. A cineasta Stephanie Johnes acompanha sua resiliência no mundo do surfe de ondas gigantes, que é dominado por homens; ela destaca a determinação de Maya em superar um acidente quase fatal e o desrespeito por parte da indústria. Após três cirurgias na coluna e cinco anos de recuperação, Maya fez história ao surfar uma onda de 22,4 metros, obtendo um recorde mundial no Livro Guinness como a primeira surfista mulher a ser reconhecida no surfe de ondas gigantes.

À medida que o filme se aproximava do fim, a trilha sonora suave encheu a sala, os créditos começaram a passar e veio então uma onda de aplausos da plateia. Begoña Lasagabaster, diretora da Divisão de Igualdade de Gênero da UNESCO, convidou Maya Gabeira e Stephanie Johnes para subirem ao palco, enquanto Tamara Klink, que estava no Rio de Janeiro, Brasil, se juntou virtualmente à conversa. A discussão centrou-se nos temas de resiliência, crescimento e igualdade de gênero revelados no filme.

Screening 'Maya and the Wave'

Espero que eu inspire as pessoas ao lembrar de quão difícil foi abrir caminho para as mulheres no meu esporte, e como eu era uma grande sonhadora. Mas ver que tudo valeu a pena, que o que eu sonhava era possível, que ninguém mais acreditava no fato de que eu era capaz de acreditar em mim mesma, e que isso tornou as coisas possíveis. Eu acho que esse é o nosso poder. Jamais nos esqueceremos disso. 

Maya Gabeira, Campeã da UNESCO para o Oceano e a Juventude
Maya Gabeira, UNESCO Champion for the Ocean and Youth

Eu tinha muita curiosidade sobre como era a experiência de uma mulher que surfa essas ondas gigantes, cercada sobretudo por homens... Estou muito orgulhosa e animada por termos essa prova do que as mulheres são capazes de fazer no mundo. Os seres humanos são uma espécie muito complicada e têm feito muitas coisas ruins, mas também podem fazer coisas imensamente maravilhosas, e é extraordinário que possamos celebrar isso, e que a Maya possa mostrar o que é possível às mulheres e às meninas.

Stephanie Johnes, diretora e produtora do filme “Maya and the Wave”
Stephanie Johnes, director and producer of 'Maya and the Wave'

Maya Gabeira, Campeã da UNESCO para o Oceano e a Juventude

Maya Gabeira é uma defensora destemida que confronta o poder bruto da natureza, contesta as expectativas sociais e desafia as probabilidades. Por meio de sua determinação inabalável, ela defende a igualdade de gênero nos esportes e em outras áreas, inspirando jovens, especialmente meninas, a quebrar barreiras e ir atrás de seus sonhos com fervor.

Em 2023, Maya discursou no Fórum de Juventude da UNESCO, cujo foco foi o impacto social da mudança climática, para defender a conservação do oceano e pedir ações coletivas para proteger o planeta. Seus esforços incorporam a missão da UNESCO de empoderar os jovens, em especial as mulheres, para desempenharem um papel ativo na promoção do desenvolvimento inclusivo por meio do esporte.

Empoderar mulheres para a conservação do oceano

Durante o debate e à luz dos temas, foi mencionada a publicação mais recente da UNESCO, Unchartered Waters: An Exploration for Gender Equality and Ocean.

Unchartered Waters: An Exploration for Gender Equality and Ocean

Nessa publicação, destacamos o papel fundamental que as mulheres desempenham na proteção do oceano. O oceano cobre a maior parte do planeta, mas enfrenta grandes desafios, como a poluição e a mudança climática, que afetam mais as mulheres, especialmente nos pequenos países insulares. Essa publicação se baseia no que aprendemos hoje: que é essencial saber como devemos empoderar as mulheres em empregos relacionados ao oceano, para que elas sejam capazes de salvar os nossos oceanos e criar um mundo mais justo para todos. 

Begoña Lasagabaster, diretora da Divisão de Igualdade de Gênero da UNESCO

Envolver a próxima geração

O destaque da noite foi uma sessão dinâmica de perguntas e respostas com o público, que fez às palestrantes perguntas que levam à reflexão. Os temas foram da superação da dor e da solidão à promoção da igualdade de gênero nos esportes.

A vontade de estar sozinha vem primeiro a partir de um exemplo e de outras histórias, como a história deste filme, de homens e mulheres, mas também da experiência. Quando você é uma mulher e vivencia como é estar em um campo onde você não tem gênero, onde você não é uma exceção, onde você não é fraca nem forte, você é apenas o que é e você é a sua própria referência de força, poder, coragem, ou medo. Isso é algo que nos dá muita liberdade.

Tamara Klink, navegadora solo brasileira
Tamara Klink, Brazilian solo-navigator

Ao final do evento, Maya Gabeira deixou a plateia com uma mensagem fortalecedora: 

É possível analisar as dificuldades e transformá-las em possibilidades. Quando nós acreditamos em alguma coisa, somos capazes de criá-la, e nossa imaginação é ilimitada... Hoje, eu tento ser muito responsável pela maneira como me sinto, pela maneira como penso e pela maneira como ajo, porque cabe a mim criar quem eu quero ser, a vida que quero viver e a realidade que desejo que exista. Essa é a nossa responsabilidade.

Esta noite inesquecível foi testemunha do poder de se contar uma história, da resiliência e da ação coletiva para moldar um futuro melhor para as pessoas e para o planeta.